O Sorriso

Eu me lembro bem desse dia. Era fim de tarde e eu apressada para não perder a hora do compromisso assumido. Cheguei, sentei e aguardei pela minha vez. A pressa tinha passado, meu horário reservado, e eu só tinha que esperar.  Olhava meu e-mail pelo celular, várias mensagens do trabalho para o dia seguinte, nada urgente. Elevo minha cabeça lentamente em linha reta, observava o desenho que seguia do chão à parede. No meio do caminho, um par de sapatos marrons, uma calça jeans  e uma camisa listrada com dois tons, claro e escuro. Um pouco mais acima, um sorriso. Olho novamente para a camisa, devo ter me enganado, que sorriso era aquele, afinal? Subo o olhar e outra vez um sorriso, será que ele havia permanecido ali? Ou era um outro depois do recuo?

Era um sorriso desprendido, com direção certa. Olhei para traz a procura do alvo. Não encontrei ninguém que pudesse sê-lo. Rapidamente volto para o sorriso, ele se mantinha, agora mais instigante. Decido seguir o caminho que fazia, havia um olhar também, e tinha a mesma direção. Esbarro naqueles olhos castanhos e meio que instantaneamente sou contagiada, meus lábios se curvam, desenhando um sorriso naquela face corada. Não havia nada de engraçado naquela sala. Eram desses sorrisos que sobem com “as borboletas do estômago”. Guardei. Não que eu precisasse, eu mal sabia que teriam tantos outros assim.

Seu sorriso.
Não precisou de nada, além disso, para que eu reconhecesse que não seria só seu. Sem pretensão, foi pontual, de igual para igual. Complementou. Ganhou uma companhia. Já não estava mais só.

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