Na carta dizia: “Minha querida Alice, te envio esta carta para pedir-te em casamento. Se ainda se encontra como a deixei, envie uma foto sua. Com amor, Eduardo”.
Foi assim que meu coração se estremeceu. Ele ainda estava vivo, e meu coração também. Não conseguia acreditar, seria verdade? Três anos haviam se passado e ele não me esquecera. Por que tanto demorou? Ainda não sei. Era verdade o que minha amável mãe dizia – Quem sabe um dia? Quem sabe.
Não sei se ela sabia, ao certo que não. Poderia ser a intuição de mãe dizendo que ainda não tinha acabado, eu mal tinha saído da idade de criança quando me encontrei amando, pode ser que, mesmo sem querer, eles haviam combinado. Eu, antes de amar, precisava crescer para tê-lo ao meu lado.
Não via a hora de revê-lo. Mas havia um fato importante de mencionar, ele estava distante. Não podíamos simplesmente ir ao encontro um do outro naquela cidade. Eu estava em Portugal e ele na África. Por isso ele mandara a carta. Não duvidei do que queria, conseguia vê-lo em minha memória e nada mudou. Eu precisava providenciar a fotografia; penteei e ajeitei meus cabelos, eram longos, coloquei um vestido que muito gostava. Não tardei em enviar.
Trocamos fotografias. Com a dele em minhas mãos, estava encantada. Era ele mesmo, meu Eduardo. Agora ele tinha 23 anos. Tornei a me apaixonar. Assim como eu, ele estava palpitante, viu minha foto e no mesmo instante, quis providenciar o casamento. Mas estávamos separados pela distância. Como faríamos? Burocracia. Fomos, eu e minha mãe, ao cartório. Procuração, representantes, testemunhas. E assim nos casamos, no dia 04 de abril de 1948. Eu já era sua mulher antes mesmo de tocá-lo. Não tinha muito tempo, o navio partiria daqui a 3 dias. Ele estava a minha espera. Sozinha, enfrentaria o oceano.
Diante daquele vasto mar azul, recordava minha querida mãe. Quem sabe um dia, filha! Quem sabe. O dia tinha data marcada. Ele, confiante, trabalhou durante esses 3 anos à espera da minha chegada.